Caiu-me como uma bomba aos pés o telegrama que ontem recebi
de Rio Branco, capital do Território do Acre, noticiando o falecimento
inesperado do dr. João Paulo de Almeida Couto, juiz de direito de Xapury, com
assento na Corte de Appellação do Território do Acre.
Conheci esse filho da Bahia, dessa terra sagrada pelas
coragens heroicas e pelos entusiasmos sublimes em 1912, quando chegou como
magistrado no Acre. Nunca lhe descobri uma maldade. Admirei sempre a
magnanimamente de seu grande coração e a caridade que ele sabia ter pelos
sofrimentos alheios. Era um dos poucos juízes acreanos que tratavam com bondade
e paciência os seus jurisdicionados. Coração aberto a todas as expansões do affecto
e da amizade o dr. Almeida Couto reunia em torno de sua pessoa uma verdadeira
legião de amigos e admiradores. Fra omnimoda. Completa, a integridade com que
resolvia os assuntos de seu juizado Os atos humanos não são perfeitos, mas,
pode-se dizer que conscientemente, o morto de ontem jamais vasou uma injustiça
de sua pena, tal a preocupação que tinha em cumprir os velhos preceitos do
direito romano.
Impressionado seriamente com os enredos locaes que a miúdo
intrigavam os homens e separavam as famílias o meu pranteado amigo não media
esforços para conciliar os que se de gladiavam. Era de velo radiante quando
aproximava velhos amigos desavindos.
Foi assim o magistrado que faleceu ontem.
Eu, de longe, ajoelho-me diante do seu cadáver que vai
passando e deponho na terra que recebeu o seu grande coração as flores
fraternais de minha alma profundamente agradecida por sucessivas prova de
amizade.
(Transcrito do, Estado do Pará, de 17/8/1937) por Alves
Maia
Nenhum comentário:
Postar um comentário